sábado, 28 de agosto de 2010

A Medida Certa


Achava-se, certa vez, Confúcio o grande filósofo, na sala do trono. Em dado momento o Rei, afastando-se por alguns instantes dos ricos mandarins que o rodeavam, dirigiu-se ao sábio chinês e perguntou-lhe: - Dizei-me, o honrado Confúcio: como deve agir um magistrado? Com extrema severidade a fim de corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência - a fim de não sacrificar os bons? Ao ouvir as palavras do soberano, o ilustre filósofo conservou-se em silêncio; passados alguns minutos de profunda reflexão, chamou um servo, que se achava perto, e pediu-lhe que trouxesse dois baldes - sendo um com água fervente e outro com água gelada. Ora, havia na sala, adornando a escada que conduzia ao trono, dois lindos vasos dourados de porcelana. Eram peças preciosas, quase sagradas, que o Rei muito apreciava. Preparava-se o servo obediente para despejar, como lhe fora ordenado, a água fervendo num dos vasos e a gelada no outro, quando o Rei, emergindo de sua estupefação, interveio no caso com incontida energia: - Que loucura é essa ó venerável Confúcio! Queres destruir essas obras maravilhosas! A água fervente fará, certamente arrebentar o vaso em que for colocada; a água gelada fará partir-se o outro! Confúcio tomou então de um dos baldes, misturou a água fervente com a água gelada e, com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum. O poderoso monarca e os venerandos mandarins observaram atônitos a atitude singular do filósofo. Este, porém, indiferente ao assombro que causava aproximou-se do soberano e assim falou: - A alma do povo, ó Rei, é como um vaso de porcelana e a justiça do Rei são como água. A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente desastrosas para a delicada porcelana; manda, pois, a Sabedoria e ensina a Prudência que haja um perfeito equilíbrio entre a severidade - com que se podem castigar o mau, e a magnanimidade com que se deve educar e corrigir o bom.
(Autor Desconhecido)

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