domingo, 17 de maio de 2009

Adesão do Pará


Adesão do Pará

15 de Agosto - Adesão do Pará à Independência do Brasil
Agosto 15, 2006

Para quem mora no estado do Pará, não foi trabalhar hoje e nem sabe o porquê eis a explicação. Hoje é dia da Adesão do Pará à Independência do Brasil, o feriado de nome mais extenso pelas bandas do norte, só perdendo atualmente para a Adesão do Amazonas à Independência do Brasil e a Gravação do Novo DVD da Banda Calypso No Palco da Arena Yamada Não Perca.
É feriado para que a gente paraense possa refletir sobre a importância dessa efeméride no calendário regional. Em 15 de Agosto de 1823, alguns muitos cidadãos paraenses possuídos pelo calor demoníaco dessa cidade (que ainda não era das mangueiras assassinas), realizaram uma marcha a favor de uma urgente instalação de uma ventilação atlântica. As autoridades imprimiram rapidamente um edital de licitação e distribuíram entre seus parentes. Logo apareceram centenas de propostas completamente viáveis para a execução do projeto. Só não contavam com a falta de parcimônia dos cidadãos paraenses, que adeptos da moda francesa, só sabiam suar dentro das suas ceroulas e calçolas. Os mais prejudicados pela quentura causticante desses tristes trópicos, os militares fardados, resolveram ir à luta. Sem solução pacífica, o imperador D.Pedro I enviou a Belém o comandante inglês John Grenfell – que não quis dar entrevista – dono na época do maior conglomerado refrigerador dos cinco continentes e sete mares, para impor o modelo de ventilação imperial no Palácio do Governo. Ao chegar à Baía do Guajará em 11 de agosto de 1823, o comandante inglês arquitetou um plano para derrubar os portugueses, os piores empresários do ramo, porém revestidos de todos os direitos atribuídos pela Lei de Licitações. Comunicou, então, que trazia uma poderosa esquadra capaz de bombardear e destruir boa parte da capital paraense. Sr. Grenfell não contava com a adesão unânime dos cidadãos paraenses em bombardear não só Belém como a província inteira. O propósito inicial dos representantes da Câmara era acabar com o terrorismo, muito em voga na Belém da primeira metade do século XIX, e depois cavar uma enorme cratera do tamanho do Maranhão para construir um mega centro de convenções. Sendo assim, o Comandante Inglês não quis executar o plano anunciado, o qual era apenas um blefe, e para não perder viagem resolveu apenas testar seu novo sistema de refrigeração naval convidando com muito zelo aqueles militares fardados para o porão de seu brigue. Os jovens soldados estavam animados imaginando que partiam para um Cruzeiro nas Ilhas Gregas, presente concedido pela honrosa iniciativa de se atirarem nas ruas com gritos de revolução socialista contra a burguesia capitalista e o arrocho salarial. Quando perceberam as intenções do comandante Grenfell, começaram a gritar os mais notórios versos da canção Pecados de Adão “A sobrevivência marcando presença/ Na ausência desta solidão/Você calada no meio da multidãaao… Ai ieiê Oioiô Ai ieieieêe oi ei oi ioioioooooô”. Eram os gritos de agonia de duzentos e cinqüenta e seis jovens militares que participaram acidentalmente da primeira sauna coletiva paraense, visto que os marinheiros ingleses confundiram-se ao ler em português as embalagens de cal virgem e água fresca e despejaram a primeira para a total infelicidade e má degustação do contingente ali presente. Quem saiu vivo de lá ganhou a matéria de capa da Troppo da semana seguinte, que tratou, entre outras coisas, da importância dos radicais livres no organismo e da nova dieta do líquido verde.

Esse é o antigo design da bandeira do Pará até a Adesão à Independência. Bandeira ostracisada até a Proclamação da República, quando o preto fúnebre foi substituído sagazmente pelo vermelho - cor mais fácil de trabalhar nos temas carnavalescos - e a cruz de malta, símbolo do imperialismo português, já totalmente demodé, virou a estrelinha azul, assim como as da bandeira norte americana.
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Afinal de contas, por que hoje é feriado? Essa é a pergunta que surge quando se fala na Adesão do Pará. Para a maioria dos paraenses, trata-se de um evento histórico sem muita importância. Tanto que são poucas as pessoas que sabem explicar por que o dia 15 de agosto, a data da adesão, é feriado. Mas o que os paraenses desconhecem é que a Adesão do Pará foi um acontecimento decisivo na história do Estado, que definiu os rumos políticos e econômicos de sua história recente.
A Adesão do Pará ocorre em 15 de agosto de 1823. A mando de Dom Pedro I, o almirante John Grenfell obrigou os Estados que não aderiram à Independência a aceitar a separação entre o Brasil e Portugal. Em Belém, Grenfell armou um ardil para convencer os responsáveis pelo Estado a aceitar a adesão, convencendo-os de que havia uma esquadra estacionada em Salinas pronta para bloquear o acesso ao porto da capital, isolando o Pará do resto do Brasil. Acreditando na história, restou aos governantes da época se render, proclamando a adesão ao restante do País.
Para a historiadora Magda Ricci, a Adesão do Pará é um dos eventos mais ambíguos da história do Estado. Segundo ela, isso deve ao fato de que, apesar de ter aderido ao processo de independência do Brasil, o Estado continuou a ser governado pelos portugueses. 'Pouca coisa mudou no Pará após a Adesão. Os portugueses continuaram no poder e os paraenses sem espaço nenhum no novo governo. Daí surge a revolta do Brigue Palhaço, onde os revoltosos com a situação do Estado são confinados no porão de um navio e morrem de asfixia. E foi através de episódios como esse que se deu a Adesão do Pará', explica a historiadora.
'Essa independência foi negociada sem nenhum benefício para nós', afirma o historiador João Lúcio Mazzini, 'No século XIX o Grão-Pará era um país à parte dentro do Brasil, pois operava com uma taxação alfandegária diferente e se reportava diretamente a Portugal e não ao Rio de Janeiro, que era a sede do Império em nosso País. Essa foi uma estratégia criada por Lisboa para preservar o estado da cobiça dos Franceses e Holandeses, já que era mais fácil tomar decisões se comunicando direto com Portugal sem passar pelo Rio. Então, com a Adesão passamos apenas de colônia européia para colônia brasileira, controlados por um governo que sequer tinha estrutura para cuidar de um país tão grande como o nosso'.
João Lúcio afirma ainda que, caso a Adesão do Pará não tivesse acontecido, existe ainda a possibilidade do Pará ter se transformado em um país independente. 'Já existiam muitos movimentos aqui pedindo a independência do Estado. E se a gente não tivesse aderido e continuasse ligado a Portugal provavelmente haveria um processo de independência que levaria o Pará a se tornar um país. Então é possível que hoje ele fizesse parte de uma espécie de reino unido brasileiro', teoriza ele.

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